terça-feira, 19 de maio de 2009

Nazaré




Já tinha ouvido falar de Nazaré e das suas viúvas. E nesse fim de semana finalmente conhecemos esse lugar lindo. Nazaré é uma aldeia de pescadores. O mar perigoso levou muitos maridos pescadores e por isso a quantidade absurda de viúvas na rua. Elas passam o resto da vida em luto, visitando diariamente o túmulo do marido falecido. Por isso, o cemitério vale uma visita, pois é um dos lugares mais bem cuidados e floridos da cidade. Tudo isso rodeado de beleza e simplicidade.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sol, sol e sol!

Carrapateira e Tavira. Por que passou tão rápido???

terça-feira, 28 de abril de 2009

Dentro da lei

Resolver burocracias fora do seu país de origem não é só uma coisa chata. É também uma sensação de insegurança. Já passei isso várias vezes aqui. Como sou estrangeira, quero mostrar que estou fazendo tudo certo, que pago meus impostos, que trabalho e que não sou uma imigrante ilegal. Mas quando me dou conta, estou quase mostrando o meu contrato de trabalho para tirar uma carteira de motorista! Já nem sei se é abuso deles ou submissão minha.
Hoje fui tirar um visto para os Estados Unidos. E aí percebi que passar na imigração ou retirar um simples visto de turismo é como ser suspeito de um crime num interrogatório. Eles querem te pegar na mentira! Sabem que a sua intenção não é visitar aquele país, é morar lá ilegalmente. Sabem que tudo o que você escreveu naqueles papéis é com a intenção de acobertar a verdade. E na cabeça deles tudo faz parte de um plano maquiavélico para trapacear a lei e fazer todos de idiota. Se você gaguejar, pode esquecer! Quando te pedem comprovativos ou endereços de hotel, nem pense em demorar para achar na bolsa, isso é totalmente suspeito. Já tem que estar tudo na mão, fácil. As respostas na ponta da língua, sem hesitar! E se por sorte, o dia não estiver quente e nenhuma gota de suor escorrer pela sua testa enquanto estiver sendo entrevistado, aí sim, talvez, eles carimbem a sua folha. E você, aliviado, pode ir para casa sentindo que escapou por pouco da prisão. Que você é inocente. E que não matou ninguém. Por pouco.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A primeira tuga pelada


Acabou de sair a primeira edição portuguesa da Playboy. Parece que a garota da capa é uma ex BBB. O Rafa comprou a edição histórica e disse que ainda reflete o pudor português. A começar pela capa. Acho que a revista Nova no Brasil mostra mais que isso. E dentro é a mesma coisa. Não aparece tudo, é uma nudez meio tímida.
Desde a década de 70 há edições brasileiras da playboy . Estamos em 2009!!! E li vários blogs daqui onde as pessoas debatem a pouca vergonha das mulheres que tiram a roupa por dinheiro. Isso explica muita coisa.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Propaganda

O Erick escreve uma coluna semanal num jornal daqui. E me pediu para falar sobre um lugar especial em Lisboa. Adivinhem sobre qual eu falei?
Acho que depois que a dona do Taberna Ideal ler isto, o clube da lulu não vai ter grandes dificuldades em reservar aquele sofazinho.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Eu

Tá tudo bem. Tô apaixonada, minhas férias estão chegando, amigos queridos também estão chegando, mas por que essa angústia? Talvez um misto de ansiedade com TPM. É tão chato isso. As vezes não aproveito o momento, tenho mania de me concentrar justamente no que está ruim. Um monte de coisas boas não apagam essa coisinha ruim, por mais minúscula que ela seja. Não sou nada Poliana. Detesto isso em mim. Queria ser mais boba alegre.

sábado, 4 de abril de 2009

A sede do clube da lulu

Encontramos a tão sonhada versão portuguesa do La Tartine. Se chama Taberna Ideal. É um restaurante bem aconchegante com cara de bistrô, atendimento impecável, comida boa e barata.
Na última quinta reservamos o sofazinho e fizemos o primeiro clube da lulu lá. E o melhor é que as 4 lulus conseguem ir a pé. Ele fica bem no meio das nossas casas. Melhor impossível!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O dia 1º de abril, de novo!

Hoje entrei na agência e a primeira pergunta no café foi:
“O Ronnie não te pregou uma tanga?”
Essa frase entrou na minha cabeça assim:
O Ronnie não te entregou a tanga?
O Ronnie é o porteiro da agência, e como nós estamos desenvolvendo umas cuecas e calcinhas para a Leo, por alguns segundos pensei que elas tinham ficado prontas e ele estava entregando. Puta viagem..assim que fiz um “hã?” A Joana refez a frase traduzida para o português do Brasil:
“O Ronnie não te pregou uma mentira?”
(tanga= mentira)
Eu disse que não e aí soube da confusão do 1º de abril. O porteiro da agência falou para uma galera que estava entrando de manhã que não podiam trabalhar. Que o prédio estava fechado por causa de uma inspeção. E detalhe: as pessoas foram embora. Algumas deram um tempo pelo bairro, outras quase apanharam o metro pra casa. Um brasileiro que trabalha comigo não ficou nada feliz de ter perdido umas 2 horas à toa!
Mas o mais estranho foi quando umas 11 da manhã nos demos conta que um cara que senta de meu lado e que é sempre o primeiro a chegar não havia aparecido. Logo suspeitamos que ele tinha mesmo ido pra casa acreditando na mentira do Ronnie.
Então, falaram pro porteiro que o cara foi embora e que ele tinha um trabalho importante para entregar. Que isso ia dar o maior rolo. E aí, o Ronnie se apavorou.
Depois vim saber que isso TAMBÉM era mentira. Que o cara que senta do meu lado não veio porque estava doente. E contaram a mentira pro porteiro experimentar o próprio veneno. Fala sério! Tudo isso já aconteceu e nem passamos do meio-dia. Tô só na expectativa de mais! Adorei!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ainda sobre comida...

Um dia comi na casa da Mô um antepasto de berinjela igual a que a minha vó fazia. Peguei a receita com a Mô e já fiz várias vezes. É sempre um sucesso nos jantares. Mas o maior fã dela é um amigo meu, vegetariano aqui da agência. E hoje de manhã eu trouxe um pouquinho pra ele.
Olha o email animado que eu recebi.

P.S: Berinjela no Brasil se escreve com j, aqui com g. E com o acordo ortográfico como ficou?


domingo, 22 de março de 2009

Tempo livre

Me lembro da minha mãe sempre “gastar” as horas vagas cozinhando. Me lembro de todo mundo lá em casa encher o saco dela: “Por que você vai inventar de fazer isso agora? Por que não vem assistir um filme na sala?” Era sempre assim, ela gostava de inventar coisas na cozinha. Sempre fazia um bolo no domingo à tarde, uma torta ou um rocambole. Estava sempre cozinhando, por obrigação e por prazer.
Mas estou contando isso porque quanto mais o tempo passa, mais me pareço com ela. Este fim de semana foi o primeiro, depois de muito tempo, que eu não tinha nada que pensar. Nenhum trabalho pendente, nada. E eu tive a ideia de fazer pizza para sábado à noite. O sábado amanheceu lindo e nós decidimos ir para a praia. Mas eu queria fazer a massa da pizza antes. Enfim, apareceram vários contratempos. Não achamos o fermento na padaria de costume. Fiz o Rafa procurar em mais 2 lugares e nada. Então pegamos o carro e fomos num supermercado comprar. Perdemos muito tempo, porque tinha filas enormes. O Rafa ficou nervoso porque já era 1 da tarde e eu ainda nem tava de biquini. Enfim, o maior stress por causa de uma pizza no fim do dia.
No final, fomos para praia (a que eu mais gosto aqui por sinal) e eu nem consegui preparar a massa antes. Mas quando chegamos em casa, comecei todo o processo, e as pizzas ficaram prontas umas 10 da noite. Fui dormir cansada e feliz.
E no domingo acordei cedo para adiantar o almoço que ia fazer para 2 amigos. Ou seja, passei o meu primeiro fim de semana tranquilo às voltas com a cozinha. Tô ficando mesmo cada vez mais parecida com a D. Cleusa.

sábado, 21 de março de 2009

Farofa

A maioria dos cinemas aqui tem lugar marcado. O que parece legal porque você não precisa ficar na fila. Mas se torna uma coisa chata porque as pessoas não são flexíveis à idéia de mudar de lugar. Teve uma vez que nós entramos com McDonalds no cinema. Eu sei, é a maior farofa, o cheiro é péssimo. Por isso, a nossa idéia era sentar num lugar isolado, mas o cinema estava cheio. Sentamos no lugar marcado, na terceira fila, quase grudados na tela. Só que a única fila onde poderíamos comer nosso lanche sossegados seria na primeira. Quando as luzes apagaram, pegamos nossa farofa e fomos para lá. Antes de poder dar a primeira mordida na batatinha, uma mulher chegou e disse que eu estava sentada no lugar dela. Detalhe: a fila toda estava vazia!! Tudo bem, pulei 3 cadeiras pro lado. Passo ketchup no McChicken, tiro a coca do saquinho e aí vem a lanterninha. Ilumina o Rafa e eu com a farofa toda na mão e diz: O lugar de vocês não é aqui, pois não? Eu olhei para a mulher quase com lágrimas nos olhos e mostrei pra ela o nosso lugar (que era muito melhor do que o que a gente estava) e disse que a gente preferia sentar onde estávamos, e se tudo bem pra ela. Ela deixou, mas nos avisou que da próxima vez pedíssemos na bilheteria. Depois de iluminada com a farofa toda na mão, depois de tomar bronca na frente do cinema inteiro, pode acreditar que as minhas expectativas com o filme aumentaram muito.

terça-feira, 17 de março de 2009

Joselitagem

Hoje peguei o jornalzinho publicitário daqui (um tipo de Meio e Mensagem) com a cara estampada dos 3 diretores top da McCann escrito demitidos embaixo. Fiquei chocada! Imagine isso no Brasil! A cara do Tomás Lorente e um demitido embaixo. Que puta falta de noção. Mas o mais engraçado da história é que na matéria está escrito assim:
"Até o fecho desta edição não foi possível averiguar se a demissão partiu daqueles profissionais ou foi imposta pela agência"
hã?

sábado, 14 de março de 2009

Não acostumo

Todas as vezes que a professora de yoga fala para colocar as mãos nos "nadegueiros", eu perco a concentração e desmancho o ásana com vontade de rir.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Toda espécie

Morar num prédio antigo aqui é uma experiência diferente. Como são poucos apartamentos (só 4 andares) você fica sabendo da vida de todo mundo. No térreo mora uma mulher doente com uma enfermeira. Eu sempre cruzava com uma mulher simpática que me cumprimentava com muita dificuldade de falar. Sempre pensei que esta fosse a mulher doente, mas na verdade ela é a enfermeira da velhinha que não sai mais do apartamento há anos. No rés-do-chão mora a famosa D. Madalena, a primeira que conheci no prédio. No 2º andar mora esporadicamente um músico drogado (segundo D. Madalena). A casa é da mãe dele. No terceiro andar mora o casal boitatá que não trabalha e só fica em casa escutando música no último volume. O Rafa já teve que descer às 6 da manhã para pedir para desligar ou abaixar o Iron Maiden que estava tocando. Ultimamente, nós só batemos o pé com força e eles diminuem o som. Do nosso lado, mora a nova dona do nosso apartamento. Uma solteira simpática, bem sucedida e muito rica.
O nosso prédio é uma amostra de quase toda a espécie que existe em Lisboa. De baixo pra cima: A viúva, a velhinha doente, o solteiro drogado, o casal boitatá, a bem sucedida e o casal de imigrantes brasileiros. Só falta o casal classe média com 3 filhos.


E há alguns dias, descobri que no primeiro andar funcionava um asilo! Vimos retirarem do apartamento (gigante por sinal) umas camas velhas e umas cadeiras de roda. D. madalena nos explicou o que se passava.
Comparando com o prédio de solteiros, tipo o seriado Melrose, que eu morava em Moema, esse aqui tá parecendo um filme de terror.

domingo, 1 de março de 2009

Uma porrada

Ontem fui assistir The Wrestler. O filme mexeu muito comigo. O paralelo entre a história real do Mickey Rourke com o personagem que ele interpreta é o que faz o filme ser tão tocante. Como o personagem, Mickey Rourke também parece ter feito qualquer coisa muito errada no curso da sua vida. Mas não só por isso o filme é especial. Acabamos nos imaginando velhos, pensando: "E agora, quem vai cuidar de mim?" Acho que o filme é sobre muita coisa importante, é sobre as pessoas que cativamos, é sobre solidão, velhice e principalmente fracasso. E apesar de não me identificar nada com um lutador de luta livre, todas as questões que ele vive nenhum de nós está livre, nunca.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Redescobrir

Cada dia escurece um pouco mais tarde. Lisboa está voltando a ficar ensolarada. É como redescobrir a cidade com um olhar de turista. Saí com a máquina no pescoço e fui com a Mô andando de casa até Alfama. Só faltou a camisa florida, papete e chapéu.
E isso me fez lembrar de uma vez que encontrei o Edu num sábado em SP. Ele estava indo fazer umas fotos no centro da cidade, por pura diversão. Me lembro de achar aquilo muito cool, mas ao mesmo tempo, era um programa que eu nunca me imaginaria fazendo na minha própria cidade. Como eu era boba.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Café da manhã

Já disse aqui que eu amo tomar café-da-manhã. E se tem uma coisa que ganhei vindo pra cá, foi menos pressa nessa hora do dia. Amo, amo, amo!
Hoje vi esse comercial, eu sou tão o target!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Por onde eu vou?

Eu ando pelo meio da rua em Lisboa. Sempre que posso, evito a calçada. As vezes é incômodo. Vou caminhando e olhando para trás para ver se vem carro. Já levei buzinada, já me mandaram andar em lugar de pedestre. Mas não faço e não recomendo. E não estou sozinha. Em determinados lugares é possível ver os pedestres disputando o direito da rua com os carros. E tudo isso porque a disputa pela calçada foi ganha pelos cachorros e seus cocôs. Mas o que me deixou indignada foi descobrir que os cachorros e seus donos mal educados não estão satisfeitos só com a calçada. Pois hoje, consegui pisar em um cocô que estava no meio da rua. E agora, por onde eu ando?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Menu

Sempre gostei de reparar nos adjetivos que dão aos pratos nos cardápios dos restaurantes. O comum é ter uma descrição como: um macio e suculento bife de novilho acompanhado de batatas especiais crocantes douradas e legumes perfeitamente salteados numa manteiga deliciosa ..blá, blá, blá...é tanto adjetivo que você tem que ler 2 vezes para entender do que mesmo se trata o prato. Mas isso já estou acostumada, apesar de ter a curiosidade de saber quem é que consegue inventar tanto adjetivo para um pedaço de carne ou um punhado de arroz branco. Mas o que ainda não tinha visto é o cardápio bicho-grilo. Sexta eu e o Rafa fomos jantar na Bica do Sapato. Um restaurante cool e famosinho de Lisboa. Um lugar moderno mas com o cardápio mais boitatá do mundo. Eu devia ter anotado o cardápio todo, mas como não o fiz, vou dar só uma amostra pequena do que consigo lembrar:
...acompanha arroz malandro "do pé azul".
...queijo de serra da estrela numa fatia de "pão da menina"
Por um momento achei que estivesse na Bahia. Tive um ataque de riso escolhendo o prato. E talvez por isso, acabei pedindo um que eu não gostei nada. Isso aí, tá me cheirando trabalho de quem escreveu o menu. Xô, mizifi!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

30 de janeiro

Dá pra acreditar que essa pessoa faz hoje 33 anos?

Feliz aniversário, amor.

Não tô entendendo

Jà faz quase 2 anos que estamos aqui. E claro, o meu ouvido já está acostumado com as gírias portuguesas. Beto é um cara mauricinho, paneleiro é gay, piroso é brega, forreta é um cara pão-duro, etc...
Mas será que já não conheço mais as gírias do meu país? Hoje, passando em frente ao consulado do Brasil, (coisa que faço todos os dias vindo para o trabalho), ouço uma brasileira empolgada falando para outra que estava chegando:

- Ooooolha, como ela tá chique! Tá toda Edna hoje!

Bom, aí pensei, ou Edna é uma mulher chiquérrima que ambas conhecem e isso é uma brincadeira/gíria interna ou é uma nova expressão que eu não conheço.
Alguém me explica?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Gomorra



Tô acabando de ler o livro. Não vi o filme e já nem preciso ver. O livro é incrível. As vezes parece que estou lendo um roteiro daqueles filmes de máfia italiana. Mas a toda hora, a revolta do escritor, que cresceu naquela violência e corrupção, lembra que aquilo não é entretenimento. O autor tem só 29 anos. Tá jurado de morte, anda hoje sob proteção policial. Tem vivido do jeito que ele mesmo mais abomina, sufocado pelo terror da máfia. Hoje assisti várias entrevistas dele no youtube. Até me emocionei. E vou parar por aqui, antes que eu me apaixone.

Vale a pena ver essa entrevista (parte 1 e 2). Ele fala bem devagar. Até eu, com o meu italiano nível básico I, entendi.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cegueira

Eu tenho 4 graus de miopia no olho esquerdo e mais 1 e meio no direito. Só uso óculos para ler, para ver tv e para trabalhar no computador. Mas mesmo com esse nível de cegueira, não sou inteiramente culpada do que vou contar a seguir. Eram umas 9 da noite e eu estava voltando pra casa quando vejo uma velhinha toda corcunda, encapotada do frio, com xale, gorro e mais umas 3 camadas de roupa tentando carregar umas sacolas de supermercado. Ela andava um pouco e parava para descansar do peso das sacolas. Eu estava atrás e fui percebendo a cena. Passei por ela e me deu aquele peso na consciência. Voltei dizendo:
- Isso tá pesado pra senhora. Posso ajudar?
Quando ela levanta a cabeça, vejo que é uma menina mais nova do que eu. Aí fiquei sem graça e disse:
-Nossa, desculpe, pensei que fosse uma velhinha.
Acho que não pegou bem esse remendo que eu dei. Então, meio sem graça, acabei carregando por 1 quarteirão, as sacolas pra menina. Acho que o pessoal passava na rua e dizia: coitada dessa (no caso eu), a menina folgada nem ajuda a mais velha com esse peso todo!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Segredos de chef

Existem alguns pratos de restaurante que parecem simples, mas não adianta tentar fazê-los em casa. Eles tem algum segredo que só o chef sabe. O molho da salada do La Tartine parece a coisa mais básica do mundo, mas nem tente fazer esse molhinho de mostarda. Eu já tentei e não fica nunca tão bom. Outra receita que eu já testei: o bife à milanesa com creme de espinafre do Ritz. Só lá tem aquele sabor. Mas agora passei para a fase cara de pau de perguntar para os chefs como se faz. Até agora tive sorte. No restaurante Charcutaria aqui perto de casa, o cozinheiro me explicou direitinho como fazer o bacalhau com broa e couve que eu amo. E no sábado agora, o chef do Flor de Sal puxou papo comigo e com o Rafa. Pra que? Lá fui eu perguntar como ele fazia pra deixar o alho poró crocante em cima do risoto de pato. Aliás o melhor que eu já comi aqui. O chef foi tão simpático que escreveu toda a receita na fatura, incluindo como se faz a redução de vinho tinto que ele também coloca no prato. Ou eu tive muita sorte ou essa coisa de segredo de chef anda meio fora de moda por aqui.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Homem-Mulher

Não sei se é verdade que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher. Mas é verdade que por trás de todo homem sensível e atencioso existe sim uma mulher. Há algum tempo que faço com o Rafa o mesmo que via minha mãe fazendo com o meu pai: passo os dias lembrando ele dos compromissos com outras pessoas. Não qualquer compromisso, mas aquelas pequenas coisas que a cabeça do homem simplesmente não processa. Exemplos: aniversário da irmã, ligar para a avó no Natal, comprar presente de casamento e avisar antes quando não vai poder ir, ligar para algum amigo que esteve doente, retribuir convites, etc. As vezes me pergunto como eram essas coisas antes de eu me tornar a mulher-lembrete? Será que as pessoas ficavam magoadas e achavam que o Rafa fazia pouco caso ou que era só esquecido e ponto? Talvez a mãe dele fizesse esse papel que eu faço agora.
Mas não acho que é um problema só do Rafa. Me lembro de ouvir a minha vó avisando o meu vô: "Hoje é aniversário do Júlio" (irmão dele). Ou da minha mãe pro meu pai: "Não esqueça que terça é aniversário da sua mãe"
Então, quando você reparar em um homem muito atencioso com datas ou com compromissos sociais, pode apostar que tem uma mulher por trás dessa história. E se não tiver, esse homem é uma espécie rara. Tão rara que em toda a minha família nunca apareceu um pra deixar registro.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Português brasileiro

Soube ontem dessa história:
Uma prima da minha vizinha foi pegar o carro que estava estacionado na rua e encontrou ele todo batido. No vidro do carro tinha um bilhete.
Ao invés de um telefone de contato, ela encontrou isso:

"Estavam todos a olhar. Eu tive que escrever qualquer coisa."

Queria conhecer esse português.
Que presença de espírito!

sábado, 10 de janeiro de 2009

Do campo

Ontem fui filmar um trabalho com 2 meninos gêmeos que uma agência de casting nos enviou. Passamos o dia filmando em vários lugares. E durante essas 7 horas pude conhecer um pouco da vida de um alentejano. Ou melhor de 2. Eles tem 19 anos e moram numa cidadezinha no Alentejo há 2 horas de Lisboa. Me contaram que onde moram não tem balada, nada. É preciso vir para Lisboa quando querem sair. E como ontem era sexta, logo perguntei se eles iriam ficar por aqui. Nem pensar. Hoje, sábado, a partir das 7 da manhã eles iram estar trabalhando. Colhendo azeitona. Segundo eles: o pior tipo de colheita. Quando me mostraram as mãos, vi que eram cortadas e completamente marcadas. A época da colheita é feita nos 3 meses de inverno, durante 8 horas, com uma pausa de 1 hora pro almoço. 6 dias por semana. Fiquei passada de ver aqueles meninos como trabalhadores do campo. E aí perguntei o que eles faziam nos outros meses do ano. Trabalham numa barragem, como pedreiros. E isso ou comércio são os únicos empregos daquela cidade onde moram. É muito louco pensar em Lisboa como a cidade grande, a cidade das oportunidades para essas pessoas. E quem não tem dinheiro pra bancar uma vida de estudos aqui, não tem muito futuro mesmo. Ou, no caso dos gêmeos, a única alternativa de melhorar de vida é mesmo namorando a filha do produtor de azeite da região. Coisa que um deles fazia.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Rumo

Na virada do ano todo mundo faz balanços e principalmente pedidos. Sempre fui uma pessoa indecisa. Me lembro de pular as 7 ondas e não saber nunca que pedido fazer. Não conseguia decidir por um único desejo ou as vezes não conseguia lembrar de nenhum em cima da hora. E nesse ano me dei conta que essa minha indecisão atrapalha a minha vida. Sou tão indecisa que as vezes vou só levando a vida e pronto. E de repente me vejo insatisfeita com um monte de coisa que tá acontecendo e que eu nem sequer escolhi. Esse é o problema de quem nao escolhe: é escolhido. Esse ano eu só quero uma coisa: decidir. Aprender a escolher e mais que tudo: saber o que eu quero.

domingo, 4 de janeiro de 2009

As gaivotas de Sagres e as flores de Aljezur

A volta de Sagres

Passamos 4 dias em Sagres, que fica bem na pontinha do mapa. Conhecemos várias praias da região e apesar do frio, teve 2 dias lindos de sol. Ontem demoramos 7 horas para chegar em Lisboa, mas não por causa do congestionamento (inexistente), mas porque viemos parando em várias praias da Costa Vicentina. O melhor foi quando paramos em Aljezur, uma cidadezinha linda perto de Zambujeira do Mar. Seguimos com o carro as ruínas do castelo até que percebemos que a rua não tinha saída. Uma velhinha sentada numa cadeira na calçada começou a gesticular e berrar pra gente dar a volta com o carro. O Rafa virou o carro e sem perceber colocou ele a alguns centímetros de um buraco enorme. Ficamos presos lá, sem conseguir dar ré ou ir para frente. Por causa das pedras molhadas da rua, o carro derrapava e corria o risco de cair no buraco. Uns moleques da rua vieram nos ajudar, só que a velha, pelo contrário, não parava de resmungar um só minuto. Os meninos só gritavam:
- Epá, ó véia do raio, cala-te!
No fim juntou mais um casal que nos ajudou a levantar o carro e deslocar pra longe do buraco. Foi um acontecimento na cidade de Aljezur. Fomos embora com os resmungos da velha no ouvido e dando graças a Deus por ter encontrado algumas pessoas dispostas a nos ajudar. E principalmente: com menos de 80 anos. Coisa rara por essas bandas.