sábado, 10 de janeiro de 2009

Do campo

Ontem fui filmar um trabalho com 2 meninos gêmeos que uma agência de casting nos enviou. Passamos o dia filmando em vários lugares. E durante essas 7 horas pude conhecer um pouco da vida de um alentejano. Ou melhor de 2. Eles tem 19 anos e moram numa cidadezinha no Alentejo há 2 horas de Lisboa. Me contaram que onde moram não tem balada, nada. É preciso vir para Lisboa quando querem sair. E como ontem era sexta, logo perguntei se eles iriam ficar por aqui. Nem pensar. Hoje, sábado, a partir das 7 da manhã eles iram estar trabalhando. Colhendo azeitona. Segundo eles: o pior tipo de colheita. Quando me mostraram as mãos, vi que eram cortadas e completamente marcadas. A época da colheita é feita nos 3 meses de inverno, durante 8 horas, com uma pausa de 1 hora pro almoço. 6 dias por semana. Fiquei passada de ver aqueles meninos como trabalhadores do campo. E aí perguntei o que eles faziam nos outros meses do ano. Trabalham numa barragem, como pedreiros. E isso ou comércio são os únicos empregos daquela cidade onde moram. É muito louco pensar em Lisboa como a cidade grande, a cidade das oportunidades para essas pessoas. E quem não tem dinheiro pra bancar uma vida de estudos aqui, não tem muito futuro mesmo. Ou, no caso dos gêmeos, a única alternativa de melhorar de vida é mesmo namorando a filha do produtor de azeite da região. Coisa que um deles fazia.

Um comentário:

Flavia Coradini disse...

Nem te contei. A capital do cobre, capital do calcário, segunda capital farroupinha, capital gaúcha do montanhismo, agora também é capital nacional das olivas. Coisa fina.

Vem logo?