sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

30 de janeiro

Dá pra acreditar que essa pessoa faz hoje 33 anos?

Feliz aniversário, amor.

Não tô entendendo

Jà faz quase 2 anos que estamos aqui. E claro, o meu ouvido já está acostumado com as gírias portuguesas. Beto é um cara mauricinho, paneleiro é gay, piroso é brega, forreta é um cara pão-duro, etc...
Mas será que já não conheço mais as gírias do meu país? Hoje, passando em frente ao consulado do Brasil, (coisa que faço todos os dias vindo para o trabalho), ouço uma brasileira empolgada falando para outra que estava chegando:

- Ooooolha, como ela tá chique! Tá toda Edna hoje!

Bom, aí pensei, ou Edna é uma mulher chiquérrima que ambas conhecem e isso é uma brincadeira/gíria interna ou é uma nova expressão que eu não conheço.
Alguém me explica?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Gomorra



Tô acabando de ler o livro. Não vi o filme e já nem preciso ver. O livro é incrível. As vezes parece que estou lendo um roteiro daqueles filmes de máfia italiana. Mas a toda hora, a revolta do escritor, que cresceu naquela violência e corrupção, lembra que aquilo não é entretenimento. O autor tem só 29 anos. Tá jurado de morte, anda hoje sob proteção policial. Tem vivido do jeito que ele mesmo mais abomina, sufocado pelo terror da máfia. Hoje assisti várias entrevistas dele no youtube. Até me emocionei. E vou parar por aqui, antes que eu me apaixone.

Vale a pena ver essa entrevista (parte 1 e 2). Ele fala bem devagar. Até eu, com o meu italiano nível básico I, entendi.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cegueira

Eu tenho 4 graus de miopia no olho esquerdo e mais 1 e meio no direito. Só uso óculos para ler, para ver tv e para trabalhar no computador. Mas mesmo com esse nível de cegueira, não sou inteiramente culpada do que vou contar a seguir. Eram umas 9 da noite e eu estava voltando pra casa quando vejo uma velhinha toda corcunda, encapotada do frio, com xale, gorro e mais umas 3 camadas de roupa tentando carregar umas sacolas de supermercado. Ela andava um pouco e parava para descansar do peso das sacolas. Eu estava atrás e fui percebendo a cena. Passei por ela e me deu aquele peso na consciência. Voltei dizendo:
- Isso tá pesado pra senhora. Posso ajudar?
Quando ela levanta a cabeça, vejo que é uma menina mais nova do que eu. Aí fiquei sem graça e disse:
-Nossa, desculpe, pensei que fosse uma velhinha.
Acho que não pegou bem esse remendo que eu dei. Então, meio sem graça, acabei carregando por 1 quarteirão, as sacolas pra menina. Acho que o pessoal passava na rua e dizia: coitada dessa (no caso eu), a menina folgada nem ajuda a mais velha com esse peso todo!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Segredos de chef

Existem alguns pratos de restaurante que parecem simples, mas não adianta tentar fazê-los em casa. Eles tem algum segredo que só o chef sabe. O molho da salada do La Tartine parece a coisa mais básica do mundo, mas nem tente fazer esse molhinho de mostarda. Eu já tentei e não fica nunca tão bom. Outra receita que eu já testei: o bife à milanesa com creme de espinafre do Ritz. Só lá tem aquele sabor. Mas agora passei para a fase cara de pau de perguntar para os chefs como se faz. Até agora tive sorte. No restaurante Charcutaria aqui perto de casa, o cozinheiro me explicou direitinho como fazer o bacalhau com broa e couve que eu amo. E no sábado agora, o chef do Flor de Sal puxou papo comigo e com o Rafa. Pra que? Lá fui eu perguntar como ele fazia pra deixar o alho poró crocante em cima do risoto de pato. Aliás o melhor que eu já comi aqui. O chef foi tão simpático que escreveu toda a receita na fatura, incluindo como se faz a redução de vinho tinto que ele também coloca no prato. Ou eu tive muita sorte ou essa coisa de segredo de chef anda meio fora de moda por aqui.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Homem-Mulher

Não sei se é verdade que por trás de todo grande homem existe uma grande mulher. Mas é verdade que por trás de todo homem sensível e atencioso existe sim uma mulher. Há algum tempo que faço com o Rafa o mesmo que via minha mãe fazendo com o meu pai: passo os dias lembrando ele dos compromissos com outras pessoas. Não qualquer compromisso, mas aquelas pequenas coisas que a cabeça do homem simplesmente não processa. Exemplos: aniversário da irmã, ligar para a avó no Natal, comprar presente de casamento e avisar antes quando não vai poder ir, ligar para algum amigo que esteve doente, retribuir convites, etc. As vezes me pergunto como eram essas coisas antes de eu me tornar a mulher-lembrete? Será que as pessoas ficavam magoadas e achavam que o Rafa fazia pouco caso ou que era só esquecido e ponto? Talvez a mãe dele fizesse esse papel que eu faço agora.
Mas não acho que é um problema só do Rafa. Me lembro de ouvir a minha vó avisando o meu vô: "Hoje é aniversário do Júlio" (irmão dele). Ou da minha mãe pro meu pai: "Não esqueça que terça é aniversário da sua mãe"
Então, quando você reparar em um homem muito atencioso com datas ou com compromissos sociais, pode apostar que tem uma mulher por trás dessa história. E se não tiver, esse homem é uma espécie rara. Tão rara que em toda a minha família nunca apareceu um pra deixar registro.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Português brasileiro

Soube ontem dessa história:
Uma prima da minha vizinha foi pegar o carro que estava estacionado na rua e encontrou ele todo batido. No vidro do carro tinha um bilhete.
Ao invés de um telefone de contato, ela encontrou isso:

"Estavam todos a olhar. Eu tive que escrever qualquer coisa."

Queria conhecer esse português.
Que presença de espírito!

sábado, 10 de janeiro de 2009

Do campo

Ontem fui filmar um trabalho com 2 meninos gêmeos que uma agência de casting nos enviou. Passamos o dia filmando em vários lugares. E durante essas 7 horas pude conhecer um pouco da vida de um alentejano. Ou melhor de 2. Eles tem 19 anos e moram numa cidadezinha no Alentejo há 2 horas de Lisboa. Me contaram que onde moram não tem balada, nada. É preciso vir para Lisboa quando querem sair. E como ontem era sexta, logo perguntei se eles iriam ficar por aqui. Nem pensar. Hoje, sábado, a partir das 7 da manhã eles iram estar trabalhando. Colhendo azeitona. Segundo eles: o pior tipo de colheita. Quando me mostraram as mãos, vi que eram cortadas e completamente marcadas. A época da colheita é feita nos 3 meses de inverno, durante 8 horas, com uma pausa de 1 hora pro almoço. 6 dias por semana. Fiquei passada de ver aqueles meninos como trabalhadores do campo. E aí perguntei o que eles faziam nos outros meses do ano. Trabalham numa barragem, como pedreiros. E isso ou comércio são os únicos empregos daquela cidade onde moram. É muito louco pensar em Lisboa como a cidade grande, a cidade das oportunidades para essas pessoas. E quem não tem dinheiro pra bancar uma vida de estudos aqui, não tem muito futuro mesmo. Ou, no caso dos gêmeos, a única alternativa de melhorar de vida é mesmo namorando a filha do produtor de azeite da região. Coisa que um deles fazia.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Rumo

Na virada do ano todo mundo faz balanços e principalmente pedidos. Sempre fui uma pessoa indecisa. Me lembro de pular as 7 ondas e não saber nunca que pedido fazer. Não conseguia decidir por um único desejo ou as vezes não conseguia lembrar de nenhum em cima da hora. E nesse ano me dei conta que essa minha indecisão atrapalha a minha vida. Sou tão indecisa que as vezes vou só levando a vida e pronto. E de repente me vejo insatisfeita com um monte de coisa que tá acontecendo e que eu nem sequer escolhi. Esse é o problema de quem nao escolhe: é escolhido. Esse ano eu só quero uma coisa: decidir. Aprender a escolher e mais que tudo: saber o que eu quero.

domingo, 4 de janeiro de 2009

As gaivotas de Sagres e as flores de Aljezur

A volta de Sagres

Passamos 4 dias em Sagres, que fica bem na pontinha do mapa. Conhecemos várias praias da região e apesar do frio, teve 2 dias lindos de sol. Ontem demoramos 7 horas para chegar em Lisboa, mas não por causa do congestionamento (inexistente), mas porque viemos parando em várias praias da Costa Vicentina. O melhor foi quando paramos em Aljezur, uma cidadezinha linda perto de Zambujeira do Mar. Seguimos com o carro as ruínas do castelo até que percebemos que a rua não tinha saída. Uma velhinha sentada numa cadeira na calçada começou a gesticular e berrar pra gente dar a volta com o carro. O Rafa virou o carro e sem perceber colocou ele a alguns centímetros de um buraco enorme. Ficamos presos lá, sem conseguir dar ré ou ir para frente. Por causa das pedras molhadas da rua, o carro derrapava e corria o risco de cair no buraco. Uns moleques da rua vieram nos ajudar, só que a velha, pelo contrário, não parava de resmungar um só minuto. Os meninos só gritavam:
- Epá, ó véia do raio, cala-te!
No fim juntou mais um casal que nos ajudou a levantar o carro e deslocar pra longe do buraco. Foi um acontecimento na cidade de Aljezur. Fomos embora com os resmungos da velha no ouvido e dando graças a Deus por ter encontrado algumas pessoas dispostas a nos ajudar. E principalmente: com menos de 80 anos. Coisa rara por essas bandas.