Sabe quando você conhece uma pessoa e naquele exato momento sabe que ela é especial? Foi isso que senti a primeira vez que conheci um senhor português, padrasto de um amigo nosso. Um homem culto, calmo e que eu tinha vontade de ficar dias inteiros conversando. Sem nem me dar conta, comecei contar para ele coisas profundas e íntimas no dia que nos conhecemos. E foi assim no meio da conversa, que ele me indicou um livro para ler. O diário de Etty Hillesum.
Terminei de ler na semana passada. Não consigo pensar no livro sem me emocionar. É o diário de uma judia não religiosa. Pelo menos, até se tornar, nas palavras dela, a mulher que aprendeu a ajoelhar. Durante a perseguição nazista, no pior momento para se acreditar num Deus justo, ela encontra a sua espiritualidade. O diário são os 3 úlimos anos da vida dela. Etty morre antes dos 30. Um livro que não consigo tirar da cabeceira porque acho que tenho ler mais e mais. E aí hoje mandei um email para o senhor que me indicou o livro. Queria que ele soubesse o quanto me ajudou. E a resposta que me enviou, só confirma que a minha primeira impressão a respeito dele estava certa. Algumas pessoas tem o dom e a sensibilidade para entender o que os outros estão sentindo sem ser preciso muita explicação. Não sei o que me deixou mais feliz, ler o livro ou conhecer ele.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Golden Age
Acho que envelhecer aqui em Portugal não deve ser ruim não. Tem várias vantagens em ser maioria num país. Se no Brasil, idoso tem desconto em passe de ônibus, aqui tem desconto em pousadas de luxo. Toda vez que entro num site de hotel me deparo com o preço ninharia do “Golden Age”. Mas fora isso, a minha vizinha terceira idade do prédio tem uma vida muito mais agitada e interessante. Se a minha semana consiste em trabalho-casa-trabalho, a dela nem pensar! Idas à praia em plena segundona com a turma da mesma faixa etária é de praxe. Fora as atividades como aulas de computação na rua de baixo ou natação que ela faz diariamente. Tudo baratiiinho ou de graça. E sem contar que os idosos aqui geralmente herdam aqueles contratos de aluguéis antigos que já contei no blog. Ou seja, o aluguel é meio de graça também. Mas tudo isso pra falar que esse fim de semana foi feriado prolongado. Encontrei a minha vizinha e ela me perguntou o que eu fiz nesses dias. Respondi um nada especial, só uma prainha aqui perto. E aí fiz a pergunta que ela tanto queria: E a senhora? E ela passou a meia hora seguinte descrevendo o feriado dela em Marrocos, com direito a uma noite dormida no deserto com encantadores de serpente e dança do ventre.
Pois é, sempre tem alguém no prédio que parece ter uma vida mais excitante que a sua. Eu ainda vou ter o vidão da Dona Madalena!
Pois é, sempre tem alguém no prédio que parece ter uma vida mais excitante que a sua. Eu ainda vou ter o vidão da Dona Madalena!
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Meio a meio
O Rafa veio morar em Lisboa para ter uma vida mais parecida com a que ele tinha no Rio. E aí o que a gente tem feito aqui é uma mistura de Rio-São Paulo. Principalmente no verão. Nessa época, nosso fim de semana se resume em ir pra alguma praia que tenha onda e de preferência que a gente ainda não conheça. A oferta de praia paradisíaca com até 2 horas de carro de Lisboa é ABSURDA. Aliás o Rafa sempre se pergunta porque Portugal nunca foi vendido pra turista como um destino de praia e calor. Tirando os espanhóis e franceses, não acredito que tenha muita gente por aí associando Portugal à férias na praia. Mas voltando ao assunto, essa é a parte Rio de Janeiro do nosso fim de semana
A outra parte é descobrir os restaurantes modernos. Nada a ver com aquela tradicional tasca portuguesa. Procuramos um lugar com atendimento impecável, toalha de linho e taça grande de cristal na mesa. Ai, como gosto disso, viu? Nada como tirar a areia do corpo, colocar um salto alto e terminar a noite no estilo mais paulista possível.
A outra parte é descobrir os restaurantes modernos. Nada a ver com aquela tradicional tasca portuguesa. Procuramos um lugar com atendimento impecável, toalha de linho e taça grande de cristal na mesa. Ai, como gosto disso, viu? Nada como tirar a areia do corpo, colocar um salto alto e terminar a noite no estilo mais paulista possível.
Sem dúvida
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Triste
Este é o país que quase não tem notícias nos telejornais. E aí ontem, o país pára para assistir 8 horas de negociações com bandidos que assaltaram um banco em Lisboa fazendo alguns reféns. Detalhe: os assaltantes eram brasileiros! É lastimável quando isso acontece no nosso país, mas ainda é pior quando um imigrante faz uma merda dessa no país dos outros, dando razão aquele estereótipo de brasileiro ladrão. Mais do que assaltar o banco, ele prejudicou os quase 250 mil brasileiros que vivem aqui. E fez com que aquelas pessoas pequenas que pensam que brasileiro é ladrão e brasileira é puta pudessem hoje se sentir os donos da verdade. Fiquei bem revoltada com isso.
Os ladrões acabaram baleados pela polícia. Um deles morreu e o outro está muito mal. E pra não acabar por aqui, cheguei na agência e ainda ouvi que a polícia portuguesa pelo menos acerta no bandido sem matar o refém, ao contrário de outros lugares. Fazer o que? Hoje, eles podem falar.
Os ladrões acabaram baleados pela polícia. Um deles morreu e o outro está muito mal. E pra não acabar por aqui, cheguei na agência e ainda ouvi que a polícia portuguesa pelo menos acerta no bandido sem matar o refém, ao contrário de outros lugares. Fazer o que? Hoje, eles podem falar.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Mate gelado?
Neste fim de semana fomos para Zambujeira do Mar de novo. Estava uns 37º. Desde que o verão começou não me lembro de um dia tão quente na praia. Justo desta vez esquecemos de levar água. E aqui quase não existe o vendedor ambulante. As vezes até passa alguém vendendo um sorvete, mas é tão raro que não dá pra contar com isso. E como fomos numa praia mais deserta, nem bar perto tinha. Acabamos então, ficando sem água mesmo. Mas depois de umas 2 horas ouvi alguém passando com uma cestinha vendendo algo. Logo pensei, oba, água! Mas a vendedora chegou no meu guarda sol e me ofereceu um copinho pequeno, vi que era café! Café, naquele calor. Não, não tinha uma gota de água pra vender, nada de chá gelado, nada refrescante. Só café quentinho nas duas cafeteiras. Fiquei passada! Me deu até mais calor e sede só de olhar.
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