segunda-feira, 10 de março de 2008

11 meses de vida portuguesa

Muito de se gostar de um lugar quando viajamos, é não ter a obrigação de viver nele. Essa frase eu li em um livro do Alain de Botton, "A arte de viajar". E andei pensando nela. Porque hoje faz exatamente 11 meses que estamos aqui. E aí fiz um teste: perguntei ao Rafa como ele se sentiria se o nosso prazo aqui acabasse no mês que vem. 1 ano em Lisboa. E ele disse que seria pouco, que não teria dado tempo de aproveitar bem. E aí é que a frase do tal livro faz sentido. Se eu fosse embora agora só veria as coisas boas que estaria deixando para trás. E estar de passagem é isso, aproveitar ao máximo sem ter obrigação de se adaptar, sem se aprofundar muito. Enquanto que escolher viver sem data de volta, é outra coisa. Você repara mais nas diferenças, nem sempre acha graça delas e muitas vezes se revolta com coisas que em seu país funcionava melhor. Por exemplo, todo mundo que passa por aqui acha uma graça os varais cheios de roupa. Todo mundo quer tirar foto assim como eu fiz. Mas aí morando aqui, já me peguei várias vezes reclamando deles. Na volta do trabalho, passo todos os dias por uma calçada onde tenho que desviar ou abaixar a cabeça para não esbarrar nas roupas que estão penduradas. Fora que vejo que elas ficam expostas na chuva e as vezes passam dias até secar novamente. Isso já me dá nojo. Fora que pela quatidade de pombos na rua, imagino que algumas roupas devam ser carimbadas de vez em quando. Ou seja, o varal lotado de roupas já perdeu metade do romantismo. E se deixar, por aí vai. O ideal mesmo é preservar um pouco daquele encantamento do início. E tirar partido da experiência que só morando se adquire.

Um comentário:

Pequena Russa disse...

é isso aí!!! To contigo pra abraçar essa felicidade!!!